Localizada no coração da baía de San Francisco, a apenas uma milha e pouco (cerca de 2 quilómetros) da costa da cidade, a ilha de Alcatraz já foi utilizada para vários fins: como um forte, um farol e, como é mais conhecida, como uma prisão federal de segurança máxima. A ilha de Alcatraz foi baptizada por navegadores espanhóis (Isla de los Alcatraces) sendo que o seu nome é em homenagem ao pássaro de mesmo nome, uma espécie de gaivota/pelicano, que é bastante comum naquela ilha. O dono da ilha inicialmente era Carlos Gonzalez Rodriguez, que a vendeu para o militar John Charles Frémont sendo que acabou por se tornar propriedade dos Estados Unidos após a Guerra Mexicano-Americana em 1848, juntamente com o território do estado da Califórnia. Nessa altura o governo dos Estados Unidos acabou por fazer vários estudos de possibilidades de uso para a ilha mas, foi apenas durante a Corrida do Ouro americana que a ilha começou a ser desenvolvida.
Com o crescimento exponencial da população na cidade e graças ao elevado tráfego marítimo na baía, acabou por ser construído um farol e uma fortificação na ilha de Alcatraz. Contudo, anos mais tarde, por volta de 1864, a Guerra Civil americana fez com que o conhecimento em tecnologia militar se desenvolve-se. A partir daí a ilha começou a ficar obsoleta perdendo completamente o interesse em 1907.
Prisão de Alcatraz
Alcatraz foi utilizada como prisão praticamente desde o início por causa do isolamento criada pelas correntes frias e fortes da baía de San Francisco. No ano de 1859, 11 soldados condenados por crimes graves foram confinados na ilha e, durante a Guerra Civil americana (1861 a 1865) Alcatraz foi também utilizada para abrigar prisioneiros de guerra condenados por deserção, roubo, agressão, violação e assassinato.
Depois da ilha deixar de ser utilizada como um forte, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos começou a adaptar a ilha de forma a que os prédios fossem modernizados e a segurança aumentada tendo aberto as portas em 1934 como uma prisão federal de segurança máxima. Dada a alta segurança e a localização da ilha nas águas frias e fortes correntes da Baía de San Francisco, os trabalhadores da prisão acreditavam que Alcatraz era à prova de fuga e a melhor prisão da América.
Ao longo dos quase 30 anos em que a prisão operou, abrigou cerca de 1500 prisioneiros. Nesse tempo, 36 pessoas tentaram fugir, 23 foram capturadas, 6 mortas pelas autoridades e 4 morreram afogadas. Apenas 3 homens (Frank Morris e os irmãos John e Clarence Anglin) continuaram desaparecidos não se sabendo o seu paradeiro, numa fuga que é considerada a maior fuga de prisioneiros de Alcatraz. A fuga foi planeada durante sete meses sendo que foram cavados buracos com acesso aos tubos de ventilação nas paredes das celas com colheres e escondidos através de grades falsas de cartão. A barra de proteção foi cortada com um objeto roubado da sala de música da prisão e acredita-se que eles tenham saltado uma cerca de arame farpado até ao mar para os barcos que tinham feito com capas de chuva. A polícia só descobriu que eles tinham escapado no momento da contagem de prisioneiros da manhã do dia seguinte. Não se sabe ao certo do paradeiro dos fugitivos e se efetivamente conseguiram escapar com vida.
Foram então vários os criminosos que estiveram em Alcatraz, mas o mais conhecido foi Al Capone, um gangster italo-americano que liderou um grupo de atividades criminosas e considerado o rei da máfia americana. Em Março de 1963, e depois daquela que foi considerada a maior fuga de prisioneiros de Alcatraz, a prisão foi fechada porque, segundo o governo, os custos de manutenção eram demasiado elevados e já existiam prisões federais mais modernas e eficientes. A logística de Alcatraz e os custos associados eram complicados para a equipa de trabalhadores da prisão. Os guardas e outros funcionários tinham obrigatoriamente e morar na ilha em abrigos separados do edifício principal da prisão tal como as suas famílias. As compras de alimentos e outros itens de necessidade pessoal eram trazidos semanalmente de barco para abastecer as casas.
Depois da prisão fechar as portas, Alcatraz passou por vários estudos por parte do governo dos Estados Unidos para analisar qual o seu futuro tendo até estado em cima da mesa a possibilidade de ser um parque temático sobre o espaço devido à missão Apollo 11. Em 1973, quase 10 anos depois, a ilha foi considerada um US National Park e a região da prisão foi aberta ao público para visitação turística.
Preços e onde comprar
Para se visitar a prisão de Alcatraz é preciso comprar os bilhetes com antecedência no site oficial sendo que existem bilhetes para visitar durante o dia e durante a noite. Os preços da visita variam entre os 53 e os 65 dólares e inclui o passeio de barco e a visita à prisão em si com audioguia. No momento da compra é preciso escolher um horário para o barco de ida para a ilha (o de volta pode ser a qualquer altura do dia) e, a visita completa demora entre 2 a 3 horas.
Viagem de barco
Optamos por visitar Alcatraz logo de manhã, no nosso primeiro dia completo em San Francisco. Chegamos ao Pier 33, onde se apanha o barco para a ilha, por volta das 08.15h de forma a apanharmos o primeiro barco da manhã que era às 08.40h – é aconselhado ir com alguma antecedência de forma a validar o bilhete e ir embarcando. A viagem de barco até à Ilha de Alcatraz demora cerca de 15 a 20 minutos. O barco que faz esta travessia é conhecido como Alcatraz Clipper e funciona através de um sistema híbrido. Conta com capacidade para cerca de 700 pessoas e tem lugares sentados tanto no exterior como no interior tal como um pequeno bar onde se pode comprar snacks e refeições ligeiras.
Chegada à ilha
Depois de desembarcar na ilha estão vários guias, chamados de rangers, a dar indicações e a contar a história da ilha e da prisão de Alcatraz. Por um lado compensa ficar a ouvir mas, por outro, é uma oportunidade de ir andando e de nos dispersarmos de todas as pessoas que vieram no mesmo barco que nós. Logo na entrada da ilha existe uma zona onde é possível comprar um mapa informativo dos principais pontos de paragem por um custo simbólico de $1 se não me engano.
A entrada para o edifício principal da prisão de Alcatraz encontra-se a cerca de 400 metros da zona de desembarque e trata-se de um percurso relativamente inclinado. Ao longo deste percurso dá para ir tendo algumas vistas bem bonitas da área envolvente e passar por edifícios importantes da ilha como é o caso da morgue, a torre de guarda, a sally port (zona de controlo de entradas e saídas), entre outros.
Visita ao edifício da Prisão
A visita a esta que é uma das prisões mais importantes do mundo, começa pela zona das casas de banho onde os prisioneiros faziam as suas necessidades e tomavam banho. Trata-se de uma zona ampla sem paredes intermédias onde os chuveiros ficavam bem no centro da casa de banho, sendo que os prisioneiros não tinham qualquer tipo de privacidade. Ao contrário de outras prisões, a água do chuveiro era sempre bem quente de forma a dificultar qualquer plano de fuga dos prisioneiros que teriam logo um choque térmico ao entrar em contacto com a água da Baía de San Francisco.
Após a visita à zona das casas de banho, é dado aos visitantes o audio-guia e, posso-vos dizer que vale muito a pena! Normalmente sou daquelas pessoas que dispensa o audio-guia porque não tenho grande paciência para estar parada a ouvir uma pessoa a falar mas o da Prisão de Alcatraz vale realmente a pena porque além de ser curto, conta as histórias que foram vindo a acontecer naquele edifício de uma forma bem emotiva e segundo os relatos dos guardas e de alguns prisioneiros.
Ao longo da visita ao edifício da prisão vai-se passando por corredores inteiros cheios de celas onde os prisioneiros viviam ou sobreviviam. Quando foi terminado em 1912, o edifício da prisão era o maior edifício de betão reforçado com aço do mundo, sendo que o projeto foi uma ideia do Major Reuben B. Turner, um engenheiro civil que também foi o primeiro comandante da prisão de Alcatraz. Ao longo dos anos de atividade, a prisão foi sendo melhorada e a segurança aumentada de forma a prevenir qualquer tipo de fuga.
Fazendo a visita ao edifício seguindo o percurso e as indicações do audio-guia a visita vai demorar cerca de 1 hora e dá para ficar com uma ideia incrível e assustadora daquilo que aconteceu na prisão. Quando terminamos a visita fomos ainda à região de Lighthouse onde é possível ter vistas bem bonitas para o centro da cidade de San Francisco mas, depois, regressamos à zona do porto, a um passo acelerado de forma a apanharmos o barco de regresso das 10.30h.
Viagem de regresso
Antes de entrar no edifício principal da prisão, existe um cartaz informativo sobre o horário dos barcos de regresso e, assim, é possível ir gerindo o tempo da visita de forma a apanhar um barco específico. A viagem de barco de regresso demora na mesma cerca de 15 a 20 minutos e, por acaso, à vinda embora tivemos mais tempo porque o clima estava bem mais agradável e deu para ter vistas bem mais bonitas do que à ida para a ilha.
Para concluir, visitar a ilha e a prisão de Alcatraz é praticamente obrigatório para quem visita San Francisco dado que se trata de uma das principais atrações da cidade e ao facto de ter elevada importância histórica. Para quem visita a cidade é importante planear com antecedência e comprar os bilhetes antecipadamente uma vez que tem uma lotação reduzida (condensada aos barcos que fazem a travessia). Para entenderem a importância do planeamento, se nós não tivéssemos comprado bilhetes com antecedência, já não íamos conseguir visitar a prisão porque já só haviam bilhetes para a semana seguinte.
Alcatraz é surreal e uma visita que vale realmente a pena! Espero ter conseguido passar para vocês um pouco daquilo que foi a visita e vos ter criado vontade de visitar esta prisão. Não se esqueçam de continuar a visitar o blog sendo que podem acompanhar mais novidades na página de instagram do blog.
